O Vaticano e a Mediação Internacional

Compartilhar
09 Jun

Núncio Apostólico no Brasil, Dom Giovanni D’Aniello, esteve na Universidade para ministrar palestra sobre a mediação do Vaticano em conflitos internacionais

As resoluções de conflitos internacionais e a participação da Santa Sé na mediação de crises foram alguns dos temas abordados no Seminário O Vaticano e a Mediação Internacional. O encontro, promovido pelo Instituto de Relações Internacionais (IRI), na tarde do dia 9 de junho, teve a presença do Núncio Apostólico no Brasil, Dom Giovanni D’Aniello, ex-aluno da Universidade, das professoras Mônica Herz e Cláudia Fuentes Julio, e da aluna de mestrado Isa Mendes.

Como representante diplomático do Estado do Vaticano, Dom Giovanni D’Aniello ressaltou que, em momentos de crises políticas e religiosas, como a Primeira e Segunda Guerras mundiais, a Guerra do Golfo e as tensões entre Argentina e Chile, Estados Unidos e Cuba, a Santa Sé esteve presente na mediação dos conflitos. Dom Giovanni ressaltou o envolvimento dos papas na construção da paz, por meio da mediação entre os envolvidos, na história da humanidade.

­– A Santa Sé sempre esteve a serviço de um mundo melhor. Durante a segunda guerra, o Papa Pio XII defendeu, na missa de Natal, o direito dos povos. Na guerra do Golfo, a Santa Sé expressou sua condenação até o último segundo. O Papa Bento XVI dizia que a Igreja Católica deveria contribuir com a sua própria parcela para construir uma ligação das relações internacionais nas quais cada povo se sinta protagonista. Além disso, a Igreja age de uma forma ética e moral na mediação e na construção da paz para que o mundo seja um lugar mais fraterno e acolhedor. Atualmente a Santa Sé tem relações diplomáticas com 179 países.

Além de representar a Igreja diplomaticamente, Dom Giovanni exerce a função de ligar a Igreja Católica do Brasil à Santa Sé. A Santa Sé é de natureza religiosa e o Estado da Cidade do Vaticano tem natureza política. Os dois têm personalidades jurídicas distintas.

A professora Claudia Fuentes Julio apresentou uma análise do conflito de Beagle e o processo de paz entre Argentina e Chile. Os dois países disputavam a soberania sobre as ilhas: Picton, Nueva e Lennox. O Vaticano teve dois elementos principais de intervenção para o acordo de paz e para evitar um conflito armando. Segundo a professora, o Cardeal Samoré teve papel fundamental para o tratado de paz e amizade.

– O Papa João Paulo II foi eleito em outubro de 1978, logo em seguida, o Cardeal Samoré começa a missão de mediação entre os países. Ele vai à Argentina para ouvir os pontos de vista e à Santiago, no Chile, para ouvir a outra parte. Samoré aconselha os representantes e diz que os países devem ter “uma garrafa de sabedoria, um barril de prudência e um oceano de paciência”.

A negociação entre Cuba e os Estados Unidos foi o tema abordado pela estudante e pesquisadora Isa Mendes. O reatamento de laços diplomáticos aconteceu em 2014, no entanto, segundo Isa, há uma relação paradoxal entre os dois países.

– Enquanto os Estados Unidos são uma potência econômica e militar, Cuba é uma pequena ilha no Mar do Caribe. No entanto, são inevitáveis um ao outro. Percebendo isso, os líderes se reuniram secretamente, durante meses, e com a intervenção do Papa Francisco ocorreu a negociação.

Fonte: Jornal da PUC/COMUNICAR PUC-Rio

Tags

MediaçãoReligiãoResolução de Conflitos