A professora Isabel Rocha de Siqueira concedeu uma entrevista à Renata Ratton, da Acessoria de Comunicação da Vice-Reitoria para Assuntos Acadêmicos (PUC-Rio), falando sobre a elaboração do relatório “The Case for South-South Cooperation on Peace and Development” e de sua participação em eventos de grande importância para a agenda de Cooperação Sul-Sul.
“Como se deu a elaboração do relatório The Case for South-South Cooperation on Peace and Development, do qual foi a principal autora?
Esse relatório é fruto de um esforço cooperativo. Ele foi comissionado pelo Escritório de Cooperação Sul-Sul, da ONU (UNOSSC, em inglês), e eu o escrevi como representante do Centro de Estudos e Pesquisas do BRICS (BPC – IRI). Tenho uma linha de pesquisa no centro, junto com a professora Manuela Viana, chamada Segurança e Desenvolvimento no Sul Global (SEED), e integramos, além de outros professores do BPC, a rede Global South Thinkers on Peace and Development, criada com o apoio da ONU, mas que congrega pessoas do Bahrein, África do Sul, Equador, Chile, Guatemala, Nigéria. A primeira reunião da rede foi na Guatemala, em outubro do ano passado. Esse encontro foi custeado pela ONU e deu o pontapé para iniciar o trabalho do grupo e lança-lo em fóruns internacionais, porque a partir dos conceitos, das teorias, das práticas dos autores do Sul Global, o relatório procura mostrar o que é a nossa visão da intersecção entre paz e desenvolvimento em nossos países.
O discurso predominante nos países do Norte, em relação à paz, por exemplo, é um discurso mais linear: o país está no conflito e sai do conflito. O nosso entendimento de paz, e da intersecção entre paz e desenvolvimento, é cheio de nuances, mais complexo. Um programa de combate ao HIV entre jovens contribui para a paz. Tudo depende do contexto em que se está. Esse conceito de paz depende de uma certa coesão social, que é construída por vários mecanismos – educação, saúde. Aí está a intersecção com o desenvolvimento, já que são áreas comumente atribuídas a ele.
Todos os grupos contribuíram com estudos de caso de suas instituições, revisão, foi um esforço muito valioso e intercultural. Há conceitos do árabe, trazidos pelo Bahrein, há estudos de caso da África, foi construído dessa forma. O relatório foi oficialmente publicado em março e eu o apresentei num painel no BAPA +40, que foi composto só por mulheres.”