Onde está o mar nas Relações Internacionais? É possível imaginar o mar em seus próprios termos e não do ponto de vista da terra? Nesta edição especial da Contexto Internacional: journal of global connections nos propomos a mergulhar nessas questões. O mar foi relegado a uma posição secundária na disciplina de Relações Internacionais. Nessa narrativa, o mar aparece como um entrelaçamento, um condutor que permite a comunicação entre duas ou mais entidades telúricas, um espaço onde não ocorre a produção da vida, da comunidade e da política. Esta edição especial propõe re-discutir essa lógica, recolocando o mar no debate teórico, pensando-o como um espaço com temporalidades e espacialidades próprias que também informam os modos de pensar a política internacional. De forma alguma rejeitamos a ideia de que o mar também é moldado pelo espaço terrestre. Convidamos esforços para teorizar uma co-constituição entre mar e terra que contribua para articular modernidade/colonialidade em termos ontológicos e epistemológicos.
Os estudos existentes sobre o mar restringem-se a observá-lo a partir de um olhar “já territorializado”, o que significa dizer: a partir do olhar de um sujeito moldado por uma ontologia estatista – e estática – que toma a rigidez e a fixação como virtudes e objetivos da processo. O olhar soberano privilegia o repouso sobre o movimento e cristaliza a fluidez do marinheiro, tornando-o “terrestre”. Em seu perímetro mais tradicional, a disciplina não percebeu ou não quis perceber que os conceitos e categorias mobilizados a partir do movimento, fluxo, circulação, encruzilhada e/ou encontros são ontologicamente e epistemologicamente muito mais potentes do que a mera imaginação da rigidez da territorialização.
Esta edição especial visa retirar o mar do sótão da disciplina de relações internacionais para tratá-lo não como objeto de um “olhar acadêmico terrestre”, mas como uma possibilidade ontológica e epistemológica de questionar as fronteiras, linhas e mobilidades que sustentam narrativas dominantes sobre modernidade/colonialidade. O mar merece um lugar de destaque, um lugar próprio na investigação acadêmica.
Estamos interessados em manuscritos completos que pensem teoricamente sobre o mar. Os tópicos possíveis incluem:
- Rotas de Soberania.
- Soberania Fluida.
- Atlântico Negro e Pacífico Negro.
- Estudos Oceânicos Críticos e Humanidades Azuis.
- Migração e Intervenção no Mar
- Hidrofeminismo e o Mar.
- Pirataria e Corsários.
- Ilhas Artificiais.
Prazo para submissão de resumos: 31 de julho de 2022
Prazo final para trabalhos completos: 31 de outubro de 2022
Os autores devem enviar seus resumos (até 300 palavras) até 31 de julho de 2022 para o sistema online da Contexto Internacional. Os autores pré-selecionados terão até 31 de outubro de 2022 para enviar o artigo completo, que passará pelo processo de revisão por pares do CINT. Todos os artigos devem seguir as Diretrizes para Autores do CINT.
Editores convidados: Flávia Guerra e Francisco Eduardo Lemos de Matos.
Sobre a Contexto Internacional
Contexto Internacional é uma revista de Relações Internacionais com revisão por pares publicada em inglês e sediada no Instituto de Relações Internacionais da PUC-Rio, Brasil. Seu objetivo é oferecer um fórum para pesquisas conceitualmente inovadoras em Relações Internacionais amplamente definidas. A Contexto está particularmente interessada em promover e encorajar o desenvolvimento das Relações Internacionais no/do/a partir do Sul Global. Preferem-se, portanto, submissões que contribuam para a compreensão da pluralidade de perspectivas presentes no campo das RI e que promovam um diálogo sobre as conexões entre conhecimento situado e assuntos globais. Todos os artigos estão sujeitos a um processo de revisão por pares duplo-cego. As submissões devem ser originais e não devem estar sob revisão em outro lugar enquanto estiverem sendo consideradas pela Contexto. Submissões em inglês, francês, português e espanhol são aceitas e serão analisadas no idioma de submissão. No entanto, se o processo de revisão resultar em uma decisão de publicação, é responsabilidade exclusiva do autor traduzir o artigo para o inglês.
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