Seminário discute a questão das drogas e da violência na América Latina

O Seminário “Drogas e Violência na América Latina: as alternativas no limite, os limites das alternativas”, organizado pelo IRI/PUC-Rio em parceria com CESeCUFBACAPES e CNPq, foi pensado a partir de duas preocupações centrais. A primeira, consiste em deslocar a autoridade discursiva no debate sobre os efeitos da política de droga e sobre os limites de iniciativas ditas alternativas tendo em vista que a discussão desse tema tem sido insulado em círculos tecnocráticos, deixando de contemplar movimentos sociais que buscam, há décadas, expor problemas constitutivos das políticas para as drogas. A segunda preocupação é de incorporar o racismo como fator central para compreendermos porque é tão difícil mudar a abordagem predominante sobre a política de drogas. Desse modo, o evento visa estimular uma presença mais sistemática do racismo no debate sobre drogas afim de que essa disposição passe a povoar outros espaços e dinâmicas da universidade.

 O Seminário aponta para a necessidade de um movimento crítico e auto reflexivo por parte da academia, da sociedade e das instituições no sentido de pensar, justamente o racismo que vem sendo reproduzido por meio da guerra às drogas e sua lógica punitiva e proibicionista.

As discussões feitas no evento estão, portanto, em sintonia com as pesquisas hoje desenvolvidas no Instituto de Relações Internacionais PUC-Rio, que pensa em questões locais, nacionais e internacionais a partir de um ponto de vista interseccional. 

Assista os vídeos do Seminário aqui.

Abertura:

A abertura do evento contou com a participação do coletivo Movimentos com um “Ataque Poético” seguido de um discussão com contribuições de jovens de diferentes favelas do Rio de Janeiro, que constituem esse coletivo, disputando  narrativas e contando suas histórias.  Eles enfatizaram que o racismo deve ser o eixo central em um debate sobre política de drogas já que a guerra às drogas tem um impacto direto sobre a realidade da população negra e pobre do país. Com isso, o Movimentos mostrou a importância de trazer o debate de política de drogas para as favelas e, além disso, salientou o papel das mesmas como produtoras de conhecimento, especialistas e intelectuais, quebrando o estigma de que os moradores de favela só falam a partir de sua experiência e vivência.

Painel 1: O que o proibicionismo mata? Extermínio de vidas e culturas na “guerra às drogas”

Moderada pelo professor Victor Coutinho Lage (IHAC/UFBA) a mesa contou com a presença de Sandra Lucia Goulart (Faculdade Cásper Líbero), Fransérgio Goulart (Para que e para quem servem as pesquisas nas favelas), Manuela Trindade (IRI/PUC-Rio), Maïra Gabriel (Redes da Maré). A professora Sandra Goulart, em sua fala, apresenta seu estudo de caso sobre as religiões Ayahuasqueiras brasileiras, que se caracterizam pelo uso de uma bebida psicoativa, afim de mostrar que o uso de drogas não pode ser reduzido a explicações meramente farmacológicas já que há muitos fatores sociais e culturais em questão. Com isso, a professora mostrou a importância de uma relação simétrica entre usuários de drogas e o Estado que as regula, afim de romper com as vantagens espistemológicas do discurso dominante. A professora Manuela Trindade trouxe importantes contribuições sobre a guerra às drogas na Colômbia e os efeitos e contornos das políticas de segurança utilizadas no processo. Além disso, Manuela explorou as políticas de desenvolvimento que tem o campesino colombiano como centro de gravidade. Fransérgio Goulart, por sua vez, colocou em pauta uma descolonização da universidade, afim de transforma-la no que ele vai chamar de plurivesidades indisciplinares populares. Fransérgio também questionou a forma como a epistemologia branca debate a legalização das drogas já que, muitas vezes não se pensa no fim do genocídio da população negra e periférica afetada pelo proibicionismo e, dessa forma, Goulart colocou como essencial pensar em racismo e reparação quando se fala em política de drogas. Maïra Gabriel, em sua fala, mostrou que o proibicionismo e o racismo matam corpos negros e pobres a partir de um vídeo que apresenta relatos da trajetória das vítimas da guerra às drogas. Com isso, Maïra deu voz para os próprios usuários de drogas visando pensar alternativas para as cenas de uso de crack na Maré e na Avenida Brasil e, com isso, mostrando que um território como esse vai além do consumo de drogas na medida em que também é um espaço de arranjos afetivos, regras de convivências, entre outras coisas.

Painel 2: “Nem toda lei é justa”: direito, racismo e gênero:

Mediada pelo professor Victor Coutinho Lage (IHAC/UFBA), a mesa contou com a contribuição de Dudu Ribeiro (INNPD), Aline Passos (FASE) e (UFS) e Orlando Zaccone (Delegado de Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro). Dudu Ribeiro, em sua fala, trouxe uma perspectiva historiográfica sobre a construção dos mecanismos de controle da população negra, que foram criados no século XIX pós abolição. Segundo o palestrante, nessa época era fundamental construir mecanismos de manutenção das hierarquias sócio-raciais construídas durante o período da escravidão e, o proibicionismo foi uma das formas encontradas. Para realizar sua fala, Dudu Ribeiro apresentou importantes contribuições de diferentes autores negros que, muitas vezes são silenciados pelo processo de epistemicídio. Aline passos, por sua vez, questionou a cultura punitivista em que vivemos, afirmando ser uma armadilha que causa inúmeros efeitos negativos para a sociedade. A professora afirma que a justiça criminal não pode ser não pode ser a única solução para a violência contra a mulher e sexual, tendo em vista que não há resposta para as consequências das demandas desse sistema. O Delegado Orlando Zaccone falou sobre o caráter injusto das leis, já que, elas são necessariamente genéricas ao mesmo tempo que estão em um ambiente social de desigualdade. O proibicionismo, segundo Zaccone, seria mais uma dessas leis injustas desde sua distinção arbitrária entre drogas lícitas e ilícitas assim como de usuário e traficante. Nesse sentido, o Delegado defendeu a legalização da produção, do comércio e do consumo de todas as drogas como a única alternativa política para enfrentar a matança e o encarceramento em massa causado pelo proibicionismo.

Painel 3: As drogas como um “problema do sul global”: silêncios e efeitos da guerra às drogas

Moderada por Ana Clara Telles (CESeC) e (IRI/PUC-Rio), o painel contou com a presença de Dawn Paley (Universidad Autónoma de Pueblo), Thiago Rodrigues (INEST-UFF), Juliana Borges (FESP/SP) e Raul Santiago (Coletivo Papo Reto). Juliana Borges, em sua fala, apresentou a forte relação existente entre a guerra às drogas e o genocídio da população negra. Segundo a pesquisadora, a guerra às drogas é apenas mais uma das narrativas utilizadas para dar sustentação à violência e violação de territórios e da condição de humanidade das pessoas que convivem nos ambientes de conflitos: negras e periféricas. Raul Santiago apresentou a política de reparação como fator essencial na hora de discutir legalização de drogas. Segundo Santiago, é preciso informar, trazer conhecimento e reflexão para os grupos impactados pela legalização, de forma que eles possam disputar espaços e não serem excluídos durante e após o processo. Dawn Paley, por sua vez, falou sobre as interseções entre o capitalismo e a guerra às drogas. Para isso, Paley trouxe seu estudo de caso sobre o Plano Colômbia, que, segundo a autora, passa uma ideia de estar combatendo as drogas mas, na verdade, é apenas mais uma forma de facilitar a entrada de capital e beneficiar as elites. Thiago Rodrigues falou sobre o silêncio do sul global a respeito de categorias analíticas teórico metodológicas para pensar a política de drogas dentro das RI. Segundo Thiago, há uma certa colonização mental que faz com que o sul global tenha a tendência de copiar modelos do norte global ao invés de pensar através de suas próprias perspectivas.

Painel 4: Mesa Redonda: As alternativas no limite, os limites das alternativas

A partir da provocação de Ana Clara Telles (CESeC e IRI/PUC-Rio), Luciana Boiteux (UFRJ), Ingrid Farias (RENFA), Maria Angélica Comis (Ex acessora de Política sobre drogas da Secretaria de Direitos Humanos de São Paulo) e Thiago Matiolli (Instituto Raízes em Movimento) colocaram em pauta as possíveis alternativas para lidar com a questão das drogas no Brasil. Luciana Boiteux apontou para a importância de provocar reflexões que mobilizem a impactem a opinião pública e a institucionalidade, deixando de tratar o tema das drogas como um tabu. Para isso, segundo sua fala, seria preciso compreender os interesses e os mecanismos que estão por trás da criminalização das drogas. Ingrid Guimarães enfatizou que, debater alternativas dentro da política de drogas é também pensar na reparação para todos aqueles que são atingidos pela guerra às drogas. Ingrid também falou sobre a importância da Marcha da Maconha como um espaço de resistência já que, a partir de um dado momento, ela passou a ser tomada pelos denominados “perturbadores” da sociedade, fazendo com que o campo anti-proibicionista também se tornasse instrumento para diminuir o genocídio das populações negras e periféricas. Maria Angélica trouxe suas experiências em alternativas à política de drogas, tanto na esfera do poder público, no programa De Braços Abertos, quanto da sociedade civil, no Centro de Convivência É de Lei. Com isso, ela falou sobre a importância das estratégias de redução de danos e de enxergar os indivíduos usuários de drogas, trazendo a questão de sua dignidade e moradia. Thiago Matiolli, a partir de uma perspectiva histórica, fala do processo de construção social e a problematização das favelas na cidade que sempre se deu a partir da criminalização desses territórios, o que gera um excessivo controle social e o consequente esvaziamento da potência política que esses espaços trazem. Além disso, Matiolli apresentou o CEPEDOCA (Centro de Pesquisa, Documentação e Memória do Complexo do Alemão) que tem como objetivo transformar as novas representações que o Instituto Raiz e Movimento produz sobre a cidade em ferramentas para a construção de novas histórias.

Encerramento:

O encerramento do evento contou com a participação de Ana Paula de Oliveira (Co-fundadora do Movimento Mães de Manguinhos) e Maria Dalva Corrêa da Silva (Co-fundadora da Rede de Comunidades e Movimentos contra a Violência).  Ana Paula é mãe de Johnatha Oliveira de Lima, assassinado por policiais na favela de Manguinhos em 2014 e, Maria Dalva, mãe de Thiago da Costa Corrêa da Silva, executado na favela do Borel em 2003. Ambas contaram suas trajetórias repletas de injustiças, representando muitas outras mulheres negras e moradoras de favela que perderam seus filhos para a guerra às drogas. Em sua contribuição, Ana Paula apresentou um documentário que fala a respeito da morte de seu filho e refletiu sobre como a política de segurança pública e o poder judiciário brasileiro são extremamente racistas e excludentes, já que, a dita guerra às drogas, para a mãe, é apenas mais uma desculpa para exterminar a população pobre e negra. Além disso, falou sobre o papel da mídia de massa nesse processo, onde, segundo Ana Paula, se investiga a vítima, e não o assassino. Maria Dalva, por sua vez, relatou o assassinato de seu filho e três amigos e toda a trajetória percorrida a partir do acontecido. Com isso, Dalva mostrou a forma com que a favela é criminalizada, fazendo com que seus moradores não tenham direito à cidade e, portanto, não tenham direito a um tratamento digno por parte do Estado e, consequentemente, da Polícia Militar. Tudo isso, segundo Maria Dalva, acontece por conta de uma forte desigualdade social e um racismo institucional no país.

Seminário discute o papel do Sul Global nas Operações de Paz

O Seminário “The Global South and Peace Operations”, organizado pelo IRI/PUC-Rio em parceria com GSUMMAPICAPESNOREF e com a  Embaixadado Canadá no Brasil, contou com a contribuição de pesquisadores preocupados com a forma com que os Estados do Sul Global se inserem em debates sobre processos de paz e de peacebuilding, que buscaram entender o modo com que as pesquisas e debates acadêmicos têm articulado críticas sobre premissas teóricas, conceituais e pragmáticas que contribuem com a prática de interversões contemporâneas.

Assista os vídeos do Seminário aqui.

O primeiro painel “Conceptual and normative aspects of sovereignty and the use of force in peace operations”, mediado pela professora Maíra Siman (IRI PUC-Rio), contou com a presença de Paul D. Williams (Eliott School, George Washington University), Kristoffer Lidén (PRIO) e Kai Michael Kenkel (IRI PUC-Rio). Em sua fala, Paul D. Williams  apresentou o conceito de “Trilemma”, que consiste em uma situação onde se pretende alcançar três objetivos, porém, é possível chegar em apenas dois deles. Dessa forma, o acadêmico aplicou o conceito às Operações de Paz, afirmando, que cada campo de atores dessa área busca diferentes interesses e objetivos, o que gera um complexo Trillema. Kristoffer Lidén, por sua vez, salientou uma visão questionadora do Sul global sobre as Operações de Paz, apontando o problema da interferência política nos países que recebem as operações que, muitas vezes, desrespeita a auto determinação e auto governança do Estado afetado. Kai Michael Kenkel, em sua fala, colocou em questão as motivações que levam os países a participarem e contribuírem com as Operações de Paz de forma que reflita nas preocupações e prioridades do Sul Global. Com isso ele define as intervenções como uma norma complexa que não é unidirecional e nem linear, mostrando que o Sul Global também tem voz e ação nesse âmbito.

O segundo painel, “Gender Issues and protection of civilians in Peace operations”, mediado  pelo professor Ricardo Oliveira (IRI/PUC-Rio) contou com a presença de Marsha Henry (LSE), Tamyla Rabelo (Belas Artes/ IRI-USP), Paula Drummond (IRI/PUC-Rio) e Conor Foley (IRI/PUC-Rio). Marsha, em sua fala, trouxe um questionamento sobre a pequena participação e a discriminação das mulheres nas operações de paz além da exploração sexual que elas sofrem durante o processo. A partir disso, Marsha colocou em pauta a ineficiência da ONU para lidar com essas questões, afirmando que não há uma tentativa de mudança estrutural, que lida com um plano maior, como o patriarcado e o colonialismo, o que faz com que não haja um real desafio para a estrutura de desigualdade de gênero, apenas uma tentativa de transportar a justiça para as mulheres de forma superficial. Tamya Rabelo, por sua vez, enfatizou os equívocos que podem surgir pela forma com que o conceito de mulher e de gênero são organizados nos documentos do Conselho de Segurança, tendo em vista que, muitas entidades institucionais, inclusive a ONU, se utilizam dos mesmos como sua fonte de estudo. Dessa forma, a acadêmica afirmou que colocar esses conceitos em termos de segurança pode ser problemático, já que, esse movimento acaba marginalizando outras contribuições essenciais para essa agenda, como por exemplo os Direitos Humanos. A professora Paula Drummond também indagou sobre o papel do gênero nas operações de paz e sobre a forma com que o gênero é traduzido nas práticas da ONU, tendo como foco as políticas e programas relacionados com a violência sexual. Conor Foley finalizou a mesa abordando a relevância das leis internacionais de Direitos Humanos que, diferentes de muitas outras, garante proteção para todos os seres humanos a qualquer tempo e em qualquer lugar, independente de uma jurisdição estatal. O professor, portanto, enfatizou a importância da incorporação da questão das mulheres, da violência sexual e, principalmente, do gênero em tais leis.

No terceiro painel “South American perspectives on peacebuilding and stabilization”, mediado pela professora Paula Drummond (IRI/PUC-Rio), dispusemos da presença de Monica Hirst (National University of Quilmes), Carlos Chagas Vianna Braga (Brazilian Marine Corps), Danilo Marcondes (ESG) e Maíra Siman (IRI/PUC-Rio). Monica Hirst trouxe uma visão geral de nossa região e seu envolvimento no peacekeeping e nas operações de paz. Além disso, Hirst enfatizou a importância do contexto político para explicar a participação da América do Latina nessa agenda, afirmando que a conexão entre políticas domésticas e externas são uma importante motivação para a participação nas missões de paz na região. Carlos Chagas Vianna, contribuiu com uma análise sobre o uso da força e o futuro do peacekeeping a partir de uma perspectiva brasileira, além de se aprofundar na evolução do conceito. Danilo Marcondes, por sua vez, articulou sua fala com base no cenário atual, pós MINUSTAH, dando foco no engajamento dos países Sulamericanos nas missões de paz da ONU na África. A professora Maíra Siman começou sua fala analisando o exército brasileiro, a forma como ele foi percebido e valorizado interna e externamente como uma força preparada para cumprir um duplo mandato, que consistiria em um uso da força contra o inimigo e um apoio à governança e aos pactos humanitários, tendo como slogan: braço forte, mão amiga. Além disso, Siman apresentou um estudo comparado sobre a atuação do Brasil no MINUSTAH e a segurança pública no Rio de Janeiro, estabelecendo uma relação entre os dois contextos.

O quarto painel, “Case studies in intervention and peace building”, mediado por Maíra Siman (IRI/PUC-Rio) contou com a contribuição de Giulia Piccolino (Loughborough University), Aureo Toledo (Federal University of Uberlândia), Renata Summa (IRI/PUC-Rio) e Teresa Almeida Cravo (University of Coimbra). Giulia Piccolino apontou os problemas e as limitações da abordagem local e da ideia do “local turn” como solução nas Operações de Paz. A professora teve como base seu estudo de caso sobre a Costa do Marfim e, a partir daí, concluiu que a ideia do peacebuilding local não traz uma reconciliação entre as questões internas do país e, por isso, acaba despolitizando o processo de construção da paz. Aureo Toledo, em sua fala, trouxe um questionamento sobre o papel dos locais na ideia liberal do peacebuilding, abordando o conceito de “paz híbrida” e apontando seus erros, como a construção da “local” e do internacional como opostos binários. A professora Renata Summa, por sua vez, apresentou seu estudo de caso sobre como as fronteiras entre o local e o internacional estavam tomando lugar na Bósnia Herzegovina e, com isso, trouxe uma reflexão sobre a produção da ideia de “local” como algo que vem de fora. Teresa Almeida Cravo finalizou o seminário com um estudo comparativo entre as operações de paz em Moçambique e Guiné Bissau, onde, a primeira foi bem sucedida e, a segunda, foi falha. A acadêmica se aprofundou nas possíveis razões pelas quais um caso deu certo e o outro não,  além de ter definido um problema em comum em ambos os casos: o conceito de peacebuilding como uma ideia de paz limitada ao modelo ocidental e liberal de enxergar o mundo. 

Andrea Gil e Marta Fernández participam de palestra sobre violência e poder no Polo Caxias

As professoras Andrea Gil e Marta Fernández participaram da palestra “Violência e Poder: Cidadania em Risco” no Polo de Duque de Caxias da PUC-Rio. O evento foi uma uma parceria entre o polo de Caxias e o campus Gávea e reuniu diversos professores da PUC-Rio em torno da questão da violência, visando aproximar os alunos do Centro de Ciências Sociais (CCS) e do Centro de Teologia e Ciências Humanas (CTCH).

A professora Andrea Gil trouxe para a pauta questões como a desigualdade e opressão e afirmou que, o primeiro passo para acbar com a violência, é combatendo os privilégios.

Violência em discussão na Baixada“, matéria publicada no Jornal da PUC em 12 de junho de 2018.

Evento do IRI discute o Brexit e o futuro da União Europeia

No primeiro debate de conjuntura do semestre, pautado pelo Brexit, o mediador Ricardo Oliveira apresentou a questão a ser comentada pelos convidados: quais são as possíveis repercussões na União Europeia após a votação a favor da saída do Reino Unido do grupo?

O primeiro convidado a debater foi o Embaixador do Ministério das Relações Exteriores José Alfredo Graça Lima, que falou sobre a crise imigratória dos refugiados como um dos grandes fatores para a Inglaterra deixar o grupo. Também abordou o fato de que a União Europeia, apesar de ser um projeto econômico fechado, ainda não o é no âmbito político, tendo em vista a maioria dos votos favoráveis ao “Leave” advindas de grupos em situação de desfavorecimento, que, ironicamente, serão os mais prejudicados pelo novo cenário. O Embaixador ainda apresentou a estimativa de que a economia britânica perca de 3,5% a 12% de sua produção.

Em seguida, a doutoranda em Relações Internacionais da UERJ, Lia Valls, ressaltou o despreparo do governo britânico em relação à imigração. Ela relembrou que em 2004 a entrada dos países do Leste Europeu, principalmente a Polônia, na União Europeia em 2004, causou transtorno para as populações locais com a chegada de três vezes em relação ao esperado do número de imigrantes. A palestrante apresentou dados sobre o setor de serviço financeiro do Reino Unido e sua importância para o equilíbrio econômico do Reino Unido. A partir daí, apresentou um panorama sobre como se dá a negociação da regulação desses serviços.

Por fim, a professora do IRI Paula Sandrin falou sobre os acordos de fronteira entre a Irlanda do Norte e a República da Irlanda, que envolvem aspectos políticos, legais e econômicos. Para isso, a professora fez um retrospecto histórico sobre a fundação da República da Irlanda e a relação das populações locais com as fronteiras. Em seguida, ela apresentou os cinco possíveis cenários para o futuro da integração europeia segundo uma declaração do White Paper de 2017.

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Renata Summa apresenta pesquisa no Centre for SouthEast European Studies, na Áustria

A professora e coordenadora adjunta da graduação, Renata Summa, passou dois meses como pesquisadora-visitante no Centre for SouthEast European Studies da Universidade de Graz, Áustria. Ela foi como bolsista do Coimbra Group Scholarship Programme for Young Researchers, e lá participou das atividades regulares do Centro, como os seminários Brown-Bag e o seminário de Pós-Graduação, além de ter apresentado sua pesquisa ligada à sua tese, “Enacting everyday boundaries in Bosnia and Herzegovina: disconnection, re-appropriation and displacements“. A professora também aproveitou a oportunidade para aprofundar reflexões dessa pesquisa, visto que o centro é totalmente especializado na região dos Bálcãs.

IRI passa a integrar o Nirema

Instituto de Relações Internacionais da PUC-Rio passou a integrar o corpo constitutivo do Núcleo Interdisciplinar de Reflexão e Memória Afrodescendente (Nirema).

O Nirema é um núcleo de pesquisa e documentação da cultura afrodescendente brasileira vinculado ao Centro de Ciências Sociais (CCS), que desenvolve atividades e iniciativas interdisciplinares e agrega professores e alunos da PUC-Rio e de outras instituições de ensino superior do Brasil e do Exterior. As atividades de pesquisa do Nirema são desenvolvidas através de duas linhas de pesquisa: direitos e cidadania afrodescendente e história e cultura afrodescendente.

Criado em 2003 por iniciativa dos Departamentos de HistóriaServiço Social e Sociologia e Política, o Nirema traduz o interesse da PUC-Rio em aprofundar estudos acadêmicos sobre os aspectos históricos e socioculturais afrodescendentes, numa perspectiva comparada, que leve a uma maior reflexão a respeito das atuais condições das relações raciais em ambos os países. Atualmente, além desses três departamentos, integram também o seu corpo constitutivo o Departamento de Direito e o Instituto de Relações Internacionais.

As consequências do colonialismo no mundo contemporâneo

Nos dias 9, 10 e 11 de outubro, o Instituto de Relações Internacionais da PUC-Rio realizou o seminário “Descolonizando as Relações Internacionais: Pós-Colonialismo e seus Fragmentos” que teve como objetivo promover um debate sobre atores subalternos e sobre temas tradicionalmente subestimados no campo de estudo das Relações Internacionais, a partir do contributo das abordagens pós-coloniais. 

Durante o evento, foi lançado o dossiê “Feminismos, Gênero e RI“, que faz parte da “Monções: Revista de Relações Internacionais da UFGD“.

O primeiro painel “Entre a culpa e a inocência: cumplicidades na modernidade pós-colonial“, mediado pelo professor James Klausen, recebeu Ranjana Khanna (Duke University) e Natália Félix (IRI/PUC-Rio). O objetivo foi criar espaços conceituais, políticos e estéticos entre a culpa e a inocência – ou talvez nem culpa nem inocência – a partir dos quais engajar ambivalências e continuidades da relação entre a modernidade colonial e seus sujeitos (pós-coloniais).

O segundo painel “Racismo, razão humanitária e intervencionismo pós-colonial“, com mediação do professor João Pontes Nogueira, direcionou olhares críticos do pensamento pós-colonial sobre o papel de estados nacionais nascidos escravocratas, como o Brasil, e hoje considerados pós-coloniais, no regime humanitário ainda em voga, contribuindo assim para os debates sobre a centralidade da raça e racismo em curso nos campos críticos da Teoria de Relações Internacionais. O objetivo também foi problematizar a formação e reprodução das hierarquias raciais no que Paulo Gilroy chamou de Atlântico negro e sua relação com a formação e reprodução de estados pós-coloniais no ocidente remoto. Como participantes, recebemos Sam Opondo (Vassar College), Áureo Toledo (UFU) e Miguel Borba de Sá (IRI/PUC-Rio).

O terceiro painel, no dia 10 de outubro, falou sobre “Fronteiras, insurgência e pensamento pós-colonial“. Com mediação da professora Carolina Moulin, a mesa discutiu a relação entre pós-colonialismo como abordagem teórica e experiência política a partir da chave da insurgência e da fronteira. Participaram da discussão Anna Agathangelou (York University), Ana Carolina Delgado (UNILA) e Jean Tible (DCP/USP).

Confira aqui a entrevista que fizemos com Jean Tible.

O painel quatro “Direitos Humanos internacionais e os pensamentos pós-coloniais e decoloniais: histórias, teorias, políticas” teve como objetivo repensar os direitos humanos internacionais a partir dos pensamentos pós-coloniais e decoloniais, de forma a contribuir para estudos que questionem e repensem as experiências (pós-)coloniais das violências e injustiças modernas. Com mediação do professor Roberto Yamato, o painel recebeu José Manuel Barreto (Universidade de Los Andes), Bethânia Assy (UERJ/Direito PUC-Rio), Florian Hoffmann (Direito PUC-Rio), George Galindo (UnB) e João Henrique Roriz (UFG).

O quinto painel falou sobre “Racismo e Pós-Colonialismo: reverberações epistemológicas” e visou discutir o racismo epistemológico que opera privilegiando os homens brancos ocidentais nas ruas e nas universidades e que se apresenta como a única forma legítima para produção de conhecimento. Com mediação do professor Victor Coutinho, a mesa teve a participação de Charles Mills (CUNY), Thula Pires (Direito PUC-Rio), Andrea Gill (IRI/PUC-Rio) e Jaílson de Souza (Observatório de Favelas).

Confira aqui as entrevistas que fizemos com Charles Mills e  Jaílson de Souza.

A experiência do refúgio sob o olhar feminino

No dia 27 de outubro, foi realizada a mesa-redonda “A experiência do refúgio sob o olhar feminino“, na qual houve a exibição do minidocumentário “A Mulher em Travessia“, que percorre o universo de mulheres em situação de refúgio de diferentes nacionalidades em sua acolhida no Rio de Janeiro, e uma conversa com as convidadas e os participantes sobre o tema.

Participaram da mesa Emanuela Pinheiro, autora do curta, Luciana Salvatore, produtora do curta, e Catalina Revollo Pardo, migrante colombiana ativista e acadêmica do movimento de imigrantes no Brasil.

O evento foi mais um encontro que se propõe como esforço para implementação da Cátedra Sérgio Vieira de Mello da ACNUR  na PUC-Rio. Acesse aqui a página do projeto.

Após a exibição do curta, Catalina falou sobre sua experiência e sobre os seus estudos e trajetória com o processo do movimento migrante, enquanto Emanuela e Luciana falaram sobre o processo de inspiração para a produção do filme. 

Seminário do CARI reflete sobre como os indivíduos se relacionam com o meio ambiente

Nos dias 16 e 17 de outubro, foi realizado o seminário do Centro Acadêmico de Relações Internacionais (CARI) “Pode a natureza falar? A subalternização do meio ambiente através das práticas e dos discursos internacionais“. 

O objetivo geral do evento foi apresentar narrativas que inspirem uma reflexão crítica sobre como os indivíduos se relacionam com o meio ambiente, trazendo a abordagem teórica e epistemológica das Relações Internacionais para o debate.

Segundo a professora e coordenadora da graduação, Manuela Trindade, o evento ataca a relação humano-natureza de forma original e visa expor a arrogância que o homem moderno utiliza o mundo ao seu entorno via discurso de preservação do meio ambiente.

A aluna Rachel Pires disse em seu discurso de abertura que o seminário reconhece e anseia apresentar o potencial emancipatório de outros conhecimentos que denunciam os obstáculos e os limites de uma relação antropocêntrica utilitarista e economicista com a natureza.

Dividido em quatro painéis, o evento falou sobre a modernização ecológica do capitalismo global, a igualdade ecocêntrica e a emancipação da natureza, a realização dos conviveres com a natureza e os impactos ambientais decorrentes da exportação global da natureza latino-americana.

Participaram do evento Carlos Walter Porto (UFF), Camila Moreno (CPDA/UFRRJ), Henri Acselrad (IPPUR/RJ), Deborah Danowski (PUC-Rio), Andrei Cechin (UnB), Marijane Vieira Lisboa (PUC-SP), Denise Amador (Mutirão Agroflorestal), Lourdes Laureano (Articulação Pacari), Sonia Guajajara (APIB), Rafael Neves (Articulação do Semiárido), Giacomo d’Alisa (Universitat Autònoma de Barcelona – UAB), Paula Sandrin (IRI/PUC-Rio) e as alunas Rachel PiresCarolina Mueller e Geovanna Gianini.

Os seminários organizados pelo CARI, com o apoio da Coordenação da Graduação e do Núcleo de Pesquisa e Publicação, têm sido realizados desde 2015 e são uma oportunidade para os alunos pensarem em temas, curadoria e projetos para financiamento externo.

Para assistir aos vídeos do evento, acesse a playlist no YouTube aqui

Se preferir apenas os áudios, você os encontra em nossa página no SoundCloud aqui.

Vídeos e áudios do Seminário Internacional “Desafios e Oportunidades das Relações Internacionais na América Latina”

Disponibilizamos os vídeos e áudios do Seminário Internacional “Desafios e Oportunidades das Relações Internacionais na América Latina”, ocorrido no dia 27/10/2016 na PUC-Rio, através de nossos canais no YouTube e Soundcloud.

O Seminário foi organizado pelo Instituto de Relações Internacionais (IRI/PUC-Rio), em parceria com o CAF – Banco de Desenvolvimento da América Latina, com a Embaixada do Chile no Brasil e com a Unidade do Sul Global para Mediação (GSUM). Este seminário se dedicou às oportunidades e aos desafios das relações internacionais na América Latina. Seu objetivo foi debater as reações e contribuições da América Latina às transformações políticas, econômicas e normativas da esfera internacional, assim como contemplar a dinâmica política da região. O primeiro painel se dedicou a discussões sobre a política externa do Cone Sul. O segundo painel tratará da integração e do multilateralismo na América Latina. Por fim, o terceiro painel se deteve nos desafios de segurança e de resolução de conflitos na região, com foco no processo de paz da Colômbia.