O artigo, publicado pela professora Carolina Moulin na revista Carta Internacional, analisa o processo de construção social do refugiado na década de 1990, enfatizando o papel desempenhado pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR). O trabalho identifica três principais dinâmicas que orientaram o entendimento sobre e o tratamento dado, no plano internacional, às populações refugiadas, quais sejam: 1) a prevalência da compreensão da figurado refugiado como elemento potencialmente desestabilizador da ordem internacional; 2) a proliferação de novas categorias de “quase refugiados” e a relativização do movimento de construção espacial do deslocamento e 3) a busca pela separação estrita entre economia e política na definição do Refugiado em um contexto de fluxos migratórios mistos. O artigo explora cada uma dessas dinâmicas no âmbito dos processos internacionais mais amplos relativos à proteção humanitária. Conclui-se com algumas considerações sobre como as contingências normativas e institucionais experimentadas nesse contexto fomentaram a criação de um ambiente cada vez mais restritivo ao direito individual à mobilidade, dando poder a determinados atores em detrimento das próprias populações refugiadas.