Seminário de Graduação: O desenvolvimento que queremos: pautas para um presente urgente

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10 Mai
16 Mai

O Departamento de Relações Internacionais da PUC-Rio convida para o seminário de graduação “O desenvolvimento que queremos: pautas para um presente urgente” que será realizado nos dias 10, 11 e 12 de maio de 2023, das 11h às 13, e nos dias 15 e 16 de maio de 2023, das 10h ao 12h no auditório RDC, com abertura no mesmo local às 10h do dia 10 de maio.

Este seminário é parte de uma sequência de discussões e pesquisas do IRI, no intuito de avaliar os desafios para consolidar uma nova agenda no campo de desenvolvimento.

Parte-se do princípio de que o discurso mais ortodoxo do desenvolvimento mostra inúmeros sinais de fracasso. Os projetos se mostram incapazes de contemplar sujeitos e formas de vida distintas dos padrões modernos, eles não impediram — e parecem em muitos casos terem contribuído para — a exacerbação das múltiplas desigualdades, a retirada de direitos e proteções sociais e a destruição ambiental.

Como pensar, então, em uma transformação do modelo de desenvolvimento que caminhe para um horizonte firmemente apoiado em sistemas integrais de bem-estar, com perspectiva de gênero e sensibilidade à diversidade étnica, sexual, identitária, etária e geográfica, em fim um modelo sólido que fortaleça a democracia, a transparência e a responsabilização nas políticas públicas, com foco nos direitos humanos.

O seminário visa orquestrar conversas sobre temas candentes do campo de desenvolvimento, Para isso, o evento pretende tratar de forma explícita as polêmicas e os paradoxos que naturalmente são colocados perante a necessidade de tomar decisões nas diversas frentes do desenvolvimento, por exemplo com relação a incentivos ao crescimento econômico, uso da terra, estabelecimento de prioridades econômicas, defesa do meio ambiente e outras.

A partir dessas questões, o evento consistirá em cinco (5) principais debates, cada um com três (3) participantes e um/a (1) moderador/a. Será, ainda, marcado pela diversidade dessas participações, compreendendo-se que a relevância da iniciativa reside principalmente na capacidade de promover diálogos enriquecedores diante das urgências colocadas à administração pública, à sociedade civil e à comunidade internacional.

Os debates acontecerão no auditório do RDC e abaixo você pode conferir o programa completo.

Nos vemos lá! 


Seminário de graduação 

10, 11 e 12 + 15 e 16 de maio de 2023

Orgs. responsáveis

Isabel Rocha de Siqueira
Maria Elena Rodríguez

Apoio:

Renan Canellas
Beatriz Fernandes
Gabriel Porto
Débora Rodrigues
Letícia Fernandes
Érico Azera
Sofia Eller

Painéis:

10 de maio de 2023, 10h – Abertura

Organizadores

Painel 1, 11h-13h

1) Quem precisa de crescimento econômico? E de quanto precisa?

É inegável que o crescimento econômico está intimamente ligado ao aumento de produção, consumo e uso de recursos, o que tem efeitos negativos sobre a natureza, o clima e a saúde humana. Vivemos em um mundo com recursos finitos, embora às vezes nos esqueçamos disso. Os modos de produção capitalista, a ideologia extrativista e a exploração permanente dos recursos naturais e das pessoas, a longo ou curto prazo, serão inviáveis. Os seres humanos são interdependentes tanto de outras pessoas quanto do meio ambiente, mas as condições atuais do sistema capitalista neoliberal frequentemente atacam esses dois pilares fundamentais: a vida das pessoas e o planeta. Mas então, é possível alcançar um crescimento econômico que não seja destrutivo? Como?

  • Keynote: Ricardo Bielschowsky – Economista e professor da UFRJ
    • Adhemar Mineiro – Economista e membro da REBRIP
    • Isabel Rocha de Siqueira – Professora e diretora do IRI/PUC-Rio
    • Moderação: Gustavo Gaiofato – Canal História Cabeluda

    11 de maio de 2023, 11h-13h

    2) É possível reindustrializar com sustentabilidade?

    A necessidade da “reindustrialização” vem ganhando espaço nos debates de propostas para retomada do desenvolvimento econômico do Brasil. A questão fundamental é se a retomada do papel da indústria no Brasil pode se dar no modelo meramente agrário-exportador ou se o país precisa de um novo modelo que desenvolva uma nova indústria 4.0 e de baixa produção de carbono. Como intensificar a produção tecnológica e o desenvolvimento digital e trilhar o caminho da valorização ambiental e ecológica? Qual o papel do Estado?

    • Júlia Ferraz – Professora do IE/UFRJ
    • Marco Aurélio de Carvalho Nascimento – Secretário Executivo do Centro de Estudos Estratégicos da Fiocruz
    • Carlos Corrêa – Pesquisador do GEBio, Grupo de Estudos em Bioeconomia da UFRJ
    • Moderação: Andreia Coutinho – Jornalista, colunista do Nexo Jornal

    12 de maio de 2023, 11h-13h

    3) Qual deve ser o papel do agronegócio no país?

    Embora o agronegócio seja o setor da economia que mais exporta, ele leva o Brasil ao que chamamos de reprimarização da economia, ou seja, uma economia pautada em produzir matérias-primas e importar produtos industrializados. A agricultura de commodities é um setor que emprega pouco, por conta da mecanização crescente das lavouras, gerando poucos encadeamentos com outros setores dentro do Brasil. Por isso, contribui de maneira decisiva para a geração de riquezas, mas relativamente pouco para a complexificação do tecido econômico das regiões produtoras, para a ampliação de oportunidades, enfim tudo que uma economia precisa para ser dinâmica e inclusiva. A especialização agroexportadora tem recebido aportes colossais de investimentos e oferecimento de crédito, acompanhada de perdões de multas milionárias aos latifundiários, da flexibilização das leis ambientais e dos debates acerca do marco temporal das terras indígenas para favorecer a expansão e consolidação das suas atividades sobre os territórios. Nesse cenário, com quais aliados é ṕossível contar para repensar o modelo?

    • Fabiano Escher – Professor da UFRRJ
    • Elisabeth Cardoso – CTA-ZM
    • Paulo Lindesay – Auditoria Cidadã da Dívida

    Moderação: Laila Zaid – Comunicadora Socioambiental

    15 de maio de 2023, 10h-12h

    4) O valor da terra e quem tem direito a ela

    O Brasil, atualmente, tem um dos mais altos níveis de concentração fundiária do mundo e é onde estão os maiores latifúndios. Essa concentração  impede que um grande contingente populacional tenha acesso à terra para viver e produzir e alimenta um imaginário produtivista que atrela a certos grupos a imagem de ociosos, improdutivos e, portanto, meros beneficiários de benesses do governo. Quais visões do uso da terra podem ser repercutidos em busca de modelos mais inclusivos, justos e sustentáveis de desenvolvimento?

    • Maria Elena Rodriguez;
    • Larissa Packer – Grain; 
    • Juliano Assunção – Professor de Economia da PUC-Rio

    Moderação: Élida Lauris – Terra de Direitos

    16 de maio de 2023, 10h-12h 

    5) Transição energética justa: um green deal para o Brasil? 

    Para evitar o risco e limitar o aumento global das temperaturas a 1,5 grau Celsius, em linha com o Acordo de Paris de 2015, a sustentabilidade ambiental deve estar no centro da estratégia de crescimento e a transição energética como seu instrumento mais importante. Há uma concepção reducionista da transição energética, porém, limitando-a à descarbonização.  Como promover a noção de uma transição justa e solidária? Um dos aspectos-chave segue sendo o do financiamento: não parece haver maiores disposições globais, em um contexto em que a cooperação entre países está em declínio e, cada vez mais, cada nação tem sido levada a agir sozinha e a responder sozinha às demandas globais e às restrições impostas pelas diversas crises atuais. Nesse sentido, cabe perguntar quais estratégias a América Latina e o Brasil avançarão para superar seus problemas estruturais e garantir o alcance de um desenvolvimento que cumpra com responsabilidades sociais, culturais, territoriais, ambientais e ecológicas. 

    • Ana Toni – Ministério do Meio Ambiente
    • Alessandro Molon – Ex-deputado
    • Clarice Ferraz – Professora de Grupo de Economia da Energia/IE-URFJ