“A chamada Indústria 4.0 se caracteriza por conjuntos de políticas industriais que países como Alemanha e EUA fizeram, principalmente na última década, como forma de retomar sua centralidade na economia mundial”, explica o professor Luis Fernandes ao Clube de Engenharia. “Essa centralidade foi em parte perdida com a ascensão de países como a China e Coreia do Sul, que nas últimas décadas estruturaram cadeias de inovação fortemente associadas à política industrial e construção de cadeias de valor. Logo, são políticas de reação”, diz ele.
A matéria publicada no site do Clube de Engenharia e no Portal Vermelho diz que os impactos da automação do trabalho, da extinção de cargos considerados obsoletos e as novas relações trabalhistas são alguns dos principais desafios da adoção da chamada Indústria 4.0 em todo o mundo. Apesar de o Brasil estar atrás de países como Coreia do Sul, Alemanha e EUA no que diz respeito à “quarta revolução industrial”, essas são questões urgentes que se relacionam à necessidade de planejamento e investimentos públicos para a retomada do desenvolvimento.
Para o professor, a experiência internacional – China, Coreia do Sul e até os EUA – mostra que são os investimentos públicos que puxam os demais e o que se vê no Brasil, hoje, é a diminuição do papel das agências de financiamento. “Não se pode abrir mão do papel da indústria como integradora do desenvolvimento nacional”, diz.
Pesquisas informam que 15,7 milhões de brasileiros serão afetados pelas mudanças no mercado de trabalho até 2030. Para Luis Fernandes, um dos caminhos para minimizar esse número é a criação de postos em outros setores, em cadeias reais de agregação de valor, e o outro caminho é o da subalternidade às cadeias globais, subordinando a indústria nacional às grandes empresas detentoras de propriedade intelectual e que dominam o mercado.