“Desfazendo a ‘ideologia de gênero’ no Brasil”, por Paula Drummond

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A vinda da filósofa Judith Butler ao Brasil para participar do seminário “Fins da Democracia”, no Sesc Pompeia, em São Paulo, tem tido grande repercussão devido a uma petição criada para pedir o cancelamento da palestra – e que atingiu 300 mil assinaturas em três dias.

O texto da petição diz que “por meio daquilo que chama de performance”, Butler “propõe que as pessoas vivenciem todo tipo de experiência sexual”. O documento acusa a norte-americana de ser mentora intelectual de uma “ideologia nefasta”. 

Para a professora Paula Drummond, os críticos disseminam mitos para ofuscar fatos: o Brasil é considerado a capital mundial de homicídios de homossexuais e transexuais, e as escolas brasileiras estão longe de ser um espaço seguro e livre de violências contra minorias sexuais e de gênero – mais de 70% dos estudantes LGBT já sofreram algum tipo de violência verbal em função de sua orientação sexual.

“A magnitude tomada pela hashtag #forabutler ilumina a viralização do preconceito e reduz significativamente o espaço para um diálogo construtivo sobre o que está em jogo nos debates sobre diversidade sexual: a construção de políticas públicas que permitam que todas as pessoas possam ser reconhecidas e respeitadas como sujeitos de direito, independentemente de sua identidade de gênero ou orientação sexual. Silenciar Butler é dar ouvidos a plataformas moralistas que disfarçam posicionamentos políticos homofóbicos e transfóbicos”, diz.

“Desfazendo a ‘ideologia de gênero’ no Brasil” – Artigo publicado no jornal online Brasil 247 e Folha de Londrina em 07 de novembro de 2017.

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