A dialética como experiência do saber e como saber da experiência

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Neste semestre de 2021.2, o Laboratório de Metodologia do Instituto de Relações Internacionais/PUC-Rio convida discentes e docentes do Programa de Pós-Graduação em Relações Internacionais e professores do IRI a participarem do minicurso “A dialética como experiência do saber e como saber da experiência”. Algumas vagas de número limitado também estão abertas para discentes e docentes de outros programas de pós-graduação. Os minicursos são gratuitos, mas é obrigatória a inscrição pelos formulários encontrados no nosso site, na aba atividades. As inscrições de candidaturas externas estão sujeitas à confirmação. 

O Minicurso “A dialética como experiência do saber e como saber da experiência” será ministrado pelo Prof. Dr. Douglas Rodrigues Barros, Doutor em Filosofia pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP)O Minicurso será oferecido nos dias 27 e 29 de setembro e 01 de outubro, das 18h às 21h, através da plataforma Zoom. A carga horária total do curso é de 9 horas. 

SOBRE O CURSO 

Ementa:  

Conhecimento, aquilo que podemos conhecer daquilo que é, se estabelece por variados sistemas cognitivos em função do tipo de verdade e da lógica aceita. Logo, conclui-se que um conhecimento só é assim considerado se estiver correlacionado com a verdade. Por sua vez, a verdade emerge de um esforço racional que justifica as asserções e os axiomas. A justificação pode ser demonstrada racionalmente ou empiricamente, como na matemática ou como nas ciências físicas e econômicas. Por isso, conhecimento é crença verdadeira porque justificada. Um método é um caminho a ser feito já previamente conhecido; o importante para o conhecimento aqui é que os sistemas idealizados de crenças sejam organizados pela relação e consequência lógica. Há então uma dedução lógica dos pressupostos internos à ciência que busca uma axiomatização. Esse é o caminho básico da ciência moderna, ou, se quisermos, da lógica clássica que sempre supõe consistentes os sistemas lógicos.  

Acontece, entretanto, que essa forma padrão de conceber o conhecimento elimina os pontos contraditórios de várias experiências. Em geral, engessa as formas de repensar um objeto ou uma experiência direta de modo que em alguns casos as condições do conhecimento estão satisfeitas, mas não são evidentes ou por vezes estão evidentes, mas não são satisfeitas. É aqui que surge a necessidade da dialética. A dialética pressupõe o retorno aos fundamentos do conhecimento. Sua pergunta é sobre a condição de possibilidade de conhecer. Nesse sentido, ela é o grau zero da lógica, uma suspensão da metodologia para exame de seu percurso. Tudo parece ser abstrato olhando sob essa luz, mas o que se vê na sombra é exatamente o contrário: a dialética é tão atada à concretude que não raras vezes coloca em xeque os sistemas cognitivos prévios para reformulá-los à luz das novas experiências históricas. O seu esforço também impõe uma constante quebra de paradigmas teóricos.  

Sendo assim, na jornada do nosso presente minicurso, investigaremos o pensamento de Hegel, Platão e Badiou demonstrando como a dialética investiga os métodos e está mais implicada com a experiência junto ao objeto do que com um saber que lhe é externo. Na primeira aula faremos uma breve viagem sobre a ruptura dialética, sua natureza de investigação a partir de algumas lições do Menon de Platão; na segunda aula nos debruçaremos sobre um anti-método que impõe uma suspensão radical dos saberes prévios para incansável exame: faremos isso através de Hegel e alguns capítulos de sua Fenomenologia; por fim, na nossa última aula concluiremos com a necessidade de um saber que sempre recomeça sua atividade de exame, através do Breve tratado de ontologia transitória de Badiou.  

Não à toa, Platão já alertava para a necessidade do cuidado no seu exercício e, de preferência, que o exercício dialético não fosse ensinado antes dos trinta anos (!). Ironias à parte, nosso minicurso tentará demonstrar a importância do exercício dialético principalmente quando pensado em conjunto com a prática cotidiana. A dialética é um dos maiores exercícios do pensamento. Ela olha para o particular tensionando sua singularidade para observar o que nela há de universal. Em termos mais corriqueiros a dialética dá, na sua crítica, lugar central ao vulgar. Ela busca olhar para a contradição não abarcável na lógica formal e assim restituir um saber vivo que nos penetra a todo instante.  

Exatamente por isso a dialética acompanha o pensamento humano até hoje. 

Prof. Dr. Douglas Rodrigues Barros é Doutor em Ética e Filosofia política pela Universidade Federal de São Paulo. Desenvolveu seu mestrado em estética e filosofia da arte. Investiga temas como ética, filosofia política, filosofia alemã, o pensamento diaspórico de matriz africana e suas contribuições no campo da arte e da política. É escritor de diversos romances e autor dos livros “Lugar de negro, lugar de branco? Esboço para uma crítica à metafísica racial” e “Racismo: desconstruindo o lugar comum”. 

Datas e horários:  27/09 – 18h às 21h  | 29/09 – 18h às 21h  | 01/10 – 18h às 21h 

As vagas externas são limitadas e as inscrições devem ser realizadas nestes formulários: 

A) discentes e docentes do IRI/PUC-Rio  B) discentes e docentes de outros programas de pós-graduação (inscrições sujeitas à confirmação). 

Para discentes do programa, lembramos que são válidas as mesmas regras de presença dos demais cursos do IRI. Em caso de dúvidas, entrar em contato com o LabMet: labmet.iri@puc-rio.br