Abordagens feministas interseccionais

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Abordagens feministas interseccionais
com a professora María Elvira Diaz Benitez (Museu Nacional – UFRJ)
Datas: 12, 13 e 14 de junho de 2017
Horário: 8h às 11h

No Minicurso, a profa. Maria Elvira abordou a questão das críticas dos feminismos negros e das teorizações sobre a diferença, da materialidade do sexo como poder produtivo de corpos inteligíveis, e da construção de subjetividades por meio do colonialismo na contemporaneidade.
Durante os três dias de minicurso foram mencionadas autoras como Sonia Giacomini, Adriana Picitelli, Judith Butler, Anne McClintock, Gloria Anzaldúa, Saba Mahmood, Chandra Mohanty, Patricia Hill Collins e Angela Davies, entre outras. Delas, a profa. Maria Elvira comentou os trabalhos e indicou pistas metodológicas das autoras, assim como suas influências e impactos nas pesquisas em ciências sociais.

Para maiores informações, acesse os áudios das aulas aqui.


Este curso tem por interesse discutir os diversos modos como classe, raça, etnicidade, gênero e sexualidade atuam de forma articulada na conformação de diferenças, posições de sujeito e desigualdade ou privilégio social. As ideias presentes nesse modelo, mais conhecido hoje como interseccionalidade (batizado assim por Kimberlé Williams Crenshaw) não são novas e obedecem a diferentes linhas de pensamento: os estudos subalternos, o feminismo pós-colonial, o black feminism, o feminismo mestiço e o feminismo descolonial. Por tal, este curso pretende acompanhar as origens, desenvolvimentos e debates dessa linha de pensamento que se configura como um marco analítico/teórico, metodológico e, simultaneamente, político.

Se acreditarmos nas palavras da antropóloga Mara Viveros, isto é, que sexismo, racismo, classismo e heterossexismo possuem alguns dispositivos comuns de funcionamento (a naturalização, a racialização do outro e o uso da dupla natureza/cultura), nossa proposta é examinar como essas características sociais se constroem e afetam mutuamente nas experiências além de perceber que corpos são aqueles que se produzem na articulação das diferenças. Mas, também é importante sofisticar as ferramentas metodológicas para ponderar que interseccionalidade entre gênero, raça, classe e sexualidade não se traduz automaticamente em somatória de ordens de dominação ou em duplas (ou triplas ou quádruplas) desigualdades de modo per se. Melhor, estaríamos fazendo alusão a diversos modos de relação que em cada caso e a cada pesquisa precisam ser especificados e até mesmo separados de modo contingente. Interessa-nos também discutir: como construir políticas abrangentes da diversidade de marcadores sociais da diferença?

María Elvira Diaz Benitez possui graduação em Antropologia – Universidad Nacional de Colombia (1998), mestrado (2005) e doutorado (2009) em Antropologia Social – Museu Nacional/UFRJ. Entre 2010 e 2013 realizou pós-doutorado no Núcleo de Estudos de Gênero PAGU, da Universidade Estadual de Campinas com bolsa FAPESP. Tem experiência na área de antropologia urbana, atuando principalmente nos seguintes temas: relações étnico raciais, articulações de raça, classe e gênero, pornografia e sexualidades dissidentes. Autora do livro “Nas Redes do sexo: os bastidores do pornô brasileiro” (Zahar, 2010) e co-organizadora do Dossiê Pornôs (Cadernos Pagu, 2012). Atualmente é professora adjunta no Programa de Pós-graduação em Antropologia Social do Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (PPGAS/MN/UFRJ), co-coordenadora do NuSEX (Núcleo de Estudos em Corpos, Gêneros e Sexualidade) da mesma instituição e diretora da Coleção Kalela de Antropologia da Papéis Selvagens Edições (www.papeisselvagens.com).

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