Primeira série de Seminários do semestre debateu desenvolvimento nacional

Compartilhar

O Desenvolvimento que Queremos: Bolsa família e os amores e ódios do Brasil” foi o tema da primeira série dos Seminários da Graduação de 2017.1, realizada nos dias 24, 25 e 26 de maio. O evento, coordenado pela professora Isabel Rocha de Siqueira, consistiu em cinco painéis, com diversos convidados, que debateram sobre o desenvolvimento que tem sido formulado nos últimos anos e que se faz importante discutir agora.

Para a professora, é crucial compreender o que impulsiona os nossos modelos para o desenvolvimento, principalmente diante de um cenário de muita polarização política. Ela acredita que as propostas concretas e os projetos de Brasil ficam mais fáceis de se perder uma vez que todo debate político parece uma troca de ataques entre pessoas e partidos. Segundo ela, “nenhum outro programa de proteção social no país e, talvez, em vários outros países, ilustra tão bem essa troca de ataques – os amores e ódios do Brasil”, como o Bolsa Família. 

[ IRI/PUC-Rio lança livro fruto do evento “O Desenvolvimento que Queremos” com acesso livre e download grátis ]

A proposta foi trazer uma discussão diversa, contemporânea, política, polêmica e apaixonada sobre desenvolvimento, com o intuito de discutir ideias. Dessa forma, a jornalista Flávia Oliveira, O Globo e Globo News, deu início aos seminários com o discurso de abertura “De quem o Brasil deve se ocupar”. Na apresentação, ela narrou sua história pessoal para ilustrar os fenômenos socioeconômicos que marcam a desigual sociedade brasileira. Para a jornalista, pensamos o Brasil como um copo meio vazio e o brasileiro, como a grande barreira ao nosso crescimento ou desenvolvimento – é esse, supostamente, o povo que não sabe votar, não estudou, é mal preparado. No entanto, ela gostaria que enxergássemos o Brasil sob o ponto de vista do “copo meio cheio” – um povo que, apesar de ter seus direitos básicos sonegados de acesso à educação pública de qualidade, a indicadores de saúde minimamente razoáveis, a saneamento, que chegou onde chegou e foi capaz de entrar e se manter, desde o século passado, entre as dez maiores economias do mundo.

Após o discurso de abertura, deu-se início aos painéis. Na primeira mesa, intitulada “Desenvolvimento inclusivo: como gerar impactos duradouros?”, e mediada pelo professor Luis Fernandes, o IRI recebeu a pesquisadora Aldaiza Sposati, PUC-SP, e o Secretário da Secretaria Nacional de Renda de Cidadania (Senarc) Tiago Falcão. Eles falaram sobre a origem do bolsa família, sua finalidade e os questionamentos que o cercam.

Confira aqui a entrevista que fizemos com Tiago Falcão.

No segundo dia, tivemos a mesa “A nossa pobreza: como e a quem dar voz?”, que discutiu a importância de alcançar e empoderar grupos sociais tradicionalmente marginalizados e os riscos de trazer, com isso, uma estigmatização. Como participantes, recebemos a professora Maria A. C. Nascimento (UFPA), o diretor do Centro Mundial para o Desenvolvimento Sustentável (Centro RIO+) Romulo Paes, a professora Lenaura Lobato (UFF) e a cientista política Debora Thomé , tendo a professora Paula Sandrin como mediadora.

Confira aqui a entrevista que fizemos com Romulo Paes.

De olho na ODS 10: Combate à desigualdade e políticas participativas” – o terceiro painel do evento – discutiu o aprendizado que pode ser tirado dos programas de transferência de renda, como o bolsa família, e fez pensar o combate à pobreza e à desigualdade no contexto da meta 10 dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS10). A professora Maria Ozanira, (UFMA), o professor José Márcio Camargo (PUC-Rio), a pesquisadora Mercedes González de la Rocha (CIESAS México) e Rafael Georges (Oxfam Brasil) participaram da mesa que teve mediação do professor João Nogueira.

No último dia de evento, tivemos o painel “O desenvolvimento que mostramos ao mundo: nosso(s) modelo(s) de combate à pobreza”, que discutiu os princípios que podem guiar os modelos de desenvolvimento brasileiros hoje e no futuro. Nessa mesa, participaram o vereador Eduardo Suplicy (SP), o pesquisador Paulo Jannuzzi (IBGE), o ex-diretor do Ipea Sergei Soares e a professora Isabel Rocha de Siqueira, como mediadora. 

Confira aqui a entrevista que fizemos com Eduardo Suplicy e aqui a entrevista com Sergei Soares. 

Por último, recebemos a vereadora Marielle Franco (RJ) e a pesquisadora Cleonice Dias (CEACC) que trouxeram a voz da experiência de quem conhece a realidade dos benefícios sociais na mesa “Solidariedade e proximidade: o outro e a proteção social no Brasil”, com mediação da professora Marta Fernández

Um lamento por quem não chorou a Marielle, artigo na Le Monde Diplomatique Brasil, por Isabel Rocha de Siqueira ]

Tags

Bolsa FamíliaPolíticas Públicas