Dossiê Teoria de Relações Internacionais no Brasil

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A Monções: Revista de Relações Internacionais da UFGD publicou a edição especial “Dossiê Teoria das Relações Internacionais do Brasil”, que recebe contribuições de professores do IRI/PUC-Rio.

O professor João Pontes Nogueira foi entrevistado por João Nackle Urt, Lara Martim Rodrigues Selis, Victor Coutinho Lage para o artigo “Entrevista com João Pontes Nogueira”, no qual se discute a relação do campo das RI com as universidades e o debate público, e a teorização do campo pensada a partir do Brasil.

O professor Roberto Vilchez Yamato é um dos autores do artigo “Escravismo Atlântico no Século XIX: A Construção do ‘Internacional’ no Mar”, que almeja trazer o comércio transatlântico de pessoas escravizadas para o centro do debate historiográfico e teórico das Relações Internacionais, em particular no que tange à formação e evolução do sistema internacional de Estados soberanos. Em um primeiro momento, o artigo promove uma discussão nos termos da Escola Inglesa, demonstrando, com esse engajamento crítico, o silenciamento da disciplina para a escravização transatlântica como uma “instituição fundamental” da “sociedade internacional”. No segundo momento, avalia as consequências teóricas da inclusão do comércio e exploração do trabalho de pessoas no rol de instituições fundamentais que formam a sociedade internacional, questionando se tal inclusão é suficiente para desfazer o que identificamos como “silêncio constitutivo” que a escravidão atlântica representa para a disciplina e se a inclusão desta instituição internacional reforma as premissas eurocêntricas sobre as quais se baseia a Escola Inglesa. A partir daí, propõe uma reflexão epistemológica sobre a historiografia das Relações Internacionais que aponta para um diálogo mais profundo entre teoria e história, a partir de evoluções recentes nos campos da Sociologia Histórica e dos estudos Pós/Decoloniais.

A professora e diretora do Instituto, Marta Fernández contribui também com seu artigo “As Relações Internacionais e Seus Epistemicídios”, onde argumenta que a disciplina das Relações Internacionais é cúmplice do projeto colonial e, nesse sentido, vem participando do processo histórico de epistemicídio. Segundo ela, tanto perspectivas realistas como liberais das Relações Internacionais reificam uma “história única”, embora narrada como universal e, a partir dos mitos mobilizados pela disciplina a exemplo do “estado de natureza” e do “contrato social”, pretende-se iluminar sua trajetória eurocêntrica, chamando a atenção para as violências e exclusões constitutivas da mesma. O artigo, inspirado em perspectivas decoloniais, conclui enfatizando a importância da abertura da disciplina para outros saberes e cosmologias tradicionalmente silenciados e inferiorizados que podem vir a contribuir para desestabilizar suas fundações racistas.

O professor Paulo Chamon contribuiu com a tradução do artigo “Contestando As Lógicas Coloniais Do Internacional: Rumo A Uma Política Relacional Para O Pluriverso”, de Cristina Rojas. Publicado originalmente em 2016 na edição especial “Celebrating 10 Years of IPS” da revista International Political Sociology, o artigo oferece uma análise histórica crítica da modernidade, identificando tensões entre as lógicas da modernidade que pressupõem a modernidade colonial e capitalista como um projeto universalizante e aquelas baseadas em um projeto decolonial alternativo.

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Teoria de Relações Internacionais